sábado, 11 de fevereiro de 2017

Genoma

Pablo Menezes

A arte educa os gostos e influencia nossa própria noção do belo. Mas nosso gosto, ou a noção daquilo que consideramos belo, se modifica ao entrarmos em contato com diferentes trabalhos e ideias.
Esses novos conceitos quebram nossos paradigmas e nos colocam frente e frente com visões que ainda não receberam uma etiqueta e que não estão catalogadas em nosso universo de conhecimento.
É nesse intervalo de não-classificáveis que encontramos o trabalho de Pablo Menezes.
E o encontramos refletindo um momento social, em que os conceitos que nortearam e ancoraram a vida moderna do século XX estão perdendo suas características sólidas e se transformando em pura fluidez.
Este trabalho encontra, também, correspondência direta com o movimento de contração e expansão, a sístole e diástole produzida pela força motriz de nossos corpos, o coração, nos relembrando que pertencemos ao movimento contínuo do ciclo de energia universal.
No trabalho aqui apresentado, toda essa fluidez se reflete numa representação pictórica produzindo formas "sem formas" através do uso da cor. É a cor marcando sua presença em total interação com o pulso quântico do universo.
Essa dança de cores corre pelas telas, nos lembrando que a vida é um ciclo interminável e que somos parte de um todo muito além de um mero corpo físico individual.
A vida pulsa em cada respiração. E cada respiração pulsa nos genomas produzidos pelo artista. E assim somos convidados a voltar a respirar no ritmo do coletivo universal.

Sheila Emoingt




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